Polícia

Moradores reféns das ordens do tráfico na Zona Norte de Niterói

Proibições estariam partindo de traficantes de drogas do Morro dos Marítimos, no Barreto. (Foto: via Grupo Plantão Enfoco)

Moradores de diferentes bairros da Zona Norte de Niterói tiveram suas rotinas alteradas ao se tornarem reféns das ordens de traficantes de drogas. Isso porque, entregas de botijões de gás, feitas por distribuidoras, foram proibidas.

De acordo com denúncias, criminosos que fazem as determinações são do Morro dos Marítimos, no Barreto. Além do mais, o poder paralelo ainda estaria exigindo dos estabelecimentos, que as distribuições dos botijões de gás fossem realizadas pelos próprios marginais em áreas específicas.

Pelo menos três distribuidoras confirmaram que em diversas ruas do Barreto o problema tem sido frequente. Dois depósitos informaram que na Rua Machado - uma das vias de acesso ao Morro dos Marítimos, assim também como nas ruas Baronesa dos Goitacazes e Libório Seabra, por exemplo, os entregadores não realizam o serviço há meses, por medo de represálias dos bandidos.

Mediante a situação dramática, residentes dessas áreas se veem obrigados a realizarem, por conta própria, os deslocamentos até aos estabelecimentos da região para fazer a retirada do gás - fato que tem se tornado um problema.

No último fim de semana, um morador da região precisou do serviço de uma das distribuidoras, no entanto, ele conta que não foi possível receber o produto em sua residência de maneira tradicional.

“Entrei em contato com pelo menos três diferentes distribuidoras de gás na região e ninguém quis entregar. Um deles chegou a dizer que não poderia mais vender botijão na minha rua por medo de represálias de traficantes do Morro dos Marítimos”, reclama um morador que preferiu não se identificar.

Como se não bastasse, a situação de medo se repete em diversas ruas do bairro Engenhoca. Um depósito de gás da região informou que há mais de um ano os serviços de entrega em localidades específicas foram proibidos pelos traficantes, como é o caso das travessas Albuquerque, Antônio Silva e Peçanha.

Ainda segundo funcionários, moradores das ruas Iguaçu, Dionísio Mendes e Monsenhor Raeder, também sofrem com as ameaças. Por conta do clima de insegurança, um funcionário relata que a situação atrapalha no dia a dia da clientela.

“Infelizmente não podemos fazer nada. O pior de tudo é que quem perde são os próprios moradores. É muito triste toda essa situação. A gente torce para que isso mude e possamos realizar a entrega de forma tranquila e em segurança”, desabafou o entregador, que não quis se identificar por medo.

Procurada, a Delegacia do Fonseca (78º DP) afirma que não há registros de ocorrências desse caso feitas por moradores ou distribuidoras.

Roubos - Diversos casos de assaltos têm sido registrados no Barreto. Só nas últimas duas semanas, pelo menos quatro roubos foram efetuados na região. A Polícia Militar informou que os bandidos costumam agir na área nos períodos da manhã e da noite se aproveitando de saídas e chegada de estudantes e trabalhadores.

Conforme a PM, uma dupla de assaltantes de moto tem atacado na área roubando objetos como celular, carteira e peças de ouro, como alianças e cordões. Ainda de acordo com a polícia, por esses motivos, o patrulhamento ao redor da localidade tem sido reforçado.

Memória - Não é a primeira vez que problemas nas distribuições de gás são registrados em Niterói. No começo do ano passado, estabelecimentos comerciais localizados na Região Oceânica foram obrigados a suspender seus serviços de entrega.

Durante as ações dos bandidos, uma das empresas teve dois funcionários sequestrados por criminosos do Engenho do Mato. Na ocasião, os prestadores de serviço foram ameaçados de morte, caso a companhia não suspendesse as entregas no bairro.

Na época, a empresa divulgou uma nota lamentando a decisão tomada em caráter de urgência. Dias após, um depósito localizado na Avenida Central, foi alvo de pelo menos 10 tiros. O motivo teria sido o não pagamento de uma distribuidora de gás, a uma taxa exigida por criminosos para que as entregas pudessem ser feitas pela região.

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